O bom senso da fugir da stayaway covid
A ideia de tornar obrigatória e até de multar pessoas que não instalem a app stayaway covid escapa perigosamente ao bom senso que até agora, a meu ver, tem marcado a política do governo na gestão da resposta à pandemia.
É preciso lembrar que a «filosofia» da app stayaway covid é de respeito pela liberdade individual. Se um utilizador recebe um aviso de que esteve próximo de alguém infetado é admoestado a ficar «mais vigilante» em relação aos sintomas da doença. Ninguém o obriga a contactar serviços médicos ou a fazer o teste à covid-19.
Em suma: uma pessoa pode ter a app do telemóvel a avisá-la constantemente de que esteve em contacto com a covid-19 e ignorar todos os avisos. Não paga multa. Mas se não estiver a app instalada pode, se a lei vier a ser aprovada, pagar multa.
Passo por cima do facto de, segundo me contaram, a app ser difícil de instalar. Conheço uma pessoa que tentou instalá-la e desistiu apenas por falta de paciência.
O pior que se deve fazer numa situação de pandemia é dar mensagens que são recebidas como contraditórias e incongruentes.
É razoável que a instalação da app stayaway covid continue a ser facultativa.
PS Mal tinha postado este texto, o computador deu-me a ler este artigo da Mafalda Anjos sobre «João, o hipócrita digital». A inteligência artificial é tramada...Não enfio a carapuça. O artigo da Visão foi publicado antes de eu escrever o meu texto (e de ler o artigo em causa). E até concordo com os argumentos da Mafalda Anjos. Há riscos muito maiores para a privacidade do que esta app e neste caso está em causa um bem maior que é a segurança coletiva. Mas penso que a app stayaway covid foi concebida com um instrumento facultativo e deve continuar a sê-lo.