Encaro a pandemia com otimismo moderado, embora seja quase uma provocação escrever isto no dia em que a pandemia bate alcança um número impressionante – 7 497 - e nos dá o lamentável registo de 59 mortes.
Razões para o meu otimismo: a mortalidade associada à covid-19 está a descer, ao contrário do que parece. O número de mortos aumenta de forma preocupante e até assustadora, mas o número de contagiados cresce muitíssimo mais e a percentagem de mortos em relação aos contagiados está a descer porque os tratamentos são mais eficazes. A partir de março do próximo ano a vacina de Oxford começará a ser comercializada. Passarão meses até as vacinas produzirem um efeito social. Mas outras técnicas de combate à covid-19 entrarão no mercado antes do fim do ano: os sprays nasais que podem ser usados de modo preventivo; as luzes ultravioletas que destroem o SARS-CoV-2 e a criatividade humana há-de inventar mais qualquer coisa. E, claro, com o aumento de casos diários, a perigosa “vacinação natural” irá fazendo o seu caminho.
A sensação de fadiga causada pela pandemia é que se instalou e parece difícil de erradicar. Tenho amigos que estão de quarentena em casa porque acusaram positivo nos testes da covid-19. Fisicamente não estão mal, psicologicamente foram-se abaixo. Durante o confinamento, as pessoas podiam sair à rua para dar um passeio higiénico, fazer compras, etc. A quarentena dos contagiados é pior, porque quem a segue à risca nunca sai de casa.
Por enquanto, escapei à covid-19 e nem estou demasiado afetado pela «fadiga da covid-19», mas estou cansado de escrever num blogue sobre a covid-19. Criei o blogue à pressa, durante o confinamento geral, como uma forma de processar a informação sobre o que nos estava a cair em cima; verbalizar e partilhar reflexões, humores, temores e esperanças. Gostei do meu regresso à blogosfera, após uma ausência de vários anos. Mas, ao fim de meses, ter um blogue só dedicado à covid-19 acrescenta fadiga à fadiga de viver a pandemia. Por isso, criei um novo blogue, Estado de Contingência, onde escreverei sobre o que há de contingente neste tempo, à luz do passado e do que pode ser o futuro. Isto é: escreverei sobre tudo e mais alguma coisa.
Não vou encerrar já este blogue, embora me apetecesse. Os apetites são voláteis e daqui a algum tempo pode apetecer-me voltar aqui para comentar uma situação, um acontecimento, uma expectativa, uma experiência. Até que a pandemia desapareça, o que espero que seja já para o ano.