O que correu mal na gestão da pandemia em janeiro?
O Observador publica um artigo com o ponto da situação de tudo o que correu mal no combate à pandemia em janeiro deste ano (ver aqui). É um bom artigo e estou à vontade para escrevê-lo porque não sou fã de O Observador.
A principal conclusão que eu retiro do artigo é que a relação entre cientistas e políticos devia ser diferente em Portugal e seguir os moldes do Reino Unido: o aconselhamento científico ao governo devia ser realizado por um órgão responsável pela síntese do conhecimento científico acerca da evolução da pandemia e elaboração de recomendações ao governo, que seriam divulgadas.
Tal como aconteceu no Reino Unido, é muito provável que em Portugal houvesse critérios políticos na nomeação dos cientistas para esse órgão e que cientistas contestatários da política de saúde seguida formassem um órgão alternativo. Mas isso permitiria aos jornalistas e aos cidadãos preocupados comparar os diferentes relatórios científicos e as recomendações científicas com a ação política.
O artigo também aponta uma falha na política do governo que considero pertinente: deviam ter sido colocadas restrições às viagens entre Portugal e o Reino Unido antes e durante o período do Natal. O assunto da pandemia é demasiado sério - e diz respeito a todos. Há especialistas e leigos com opiniões. Não se pode fugir a esta dicotomia nem desvalorizar as opiniões dos leigos, pois são a base de uma democracia. Deve-se é organizar a divulgação do conhecimento científico, das recomendações científicas e das ações políticas de modo a permitir que essas opiniões sejam fundamentadas. Caso contrário, andamos todos a mandar umas bocas e a alimentar o caos informativo.