As terceiras eleições da pandemia
Um ano depois das eleições presidenciais voltamos às urnas, nas terceiras – e esperemos que últimas – eleições na pandemia da covid-19.
Cumpri o meu dever cívico pouco depois do meio-dia, numa escola pública do Lumiar. Estava bastante deserta. As poucas pessoas que se viam circulavam de máscaras postas, devagar, talvez com o ar aborrecido de quem se sente obrigado a cumprir um dever.
A minha secção de voto costuma ser bastante concorrida e situar-se num primeiro andar. A fila enche uma escada que vou subindo, paciente, degrau a degrau. No ano passado, as pessoas deixavam vários degraus entre elas, por uma questão de segurança.
Hoje as escadas estavam vazias. Galguei-as, surpreendido. Assomei à porta da sala e não tinha ninguém à minha frente. Foram as eleições mais rápidas da minha vida.
Votei usando a esferográfica que estava ao meu dispor na sala. Só depois me lembrei que seria mais seguro levar comigo uma esferográfica. Quando regressei a casa, desinfetei as mãos – aqui ficam dois lembretes para quem ainda não votou.
Espero que esta calma não anteceda uma tempestade. Espero que os demasiado calmos para sair de casa não acordem amanhã num país não só assolado pela peste, mas também mergulhado em mais uma guerra política.