Do estado de alerta ao estado de emergência
Há apenas três dias pensei dar a este blogue o nome de «Estado de alerta». O nome foi rejeitado pelo programa informático porque alguém tivera a mesma ideia antes de mim. De um momento para o outro passámos do «estado de alerta» para o «estado de emergência», dispensando o estado intermédio de «estado de calamidade».
Apesar de ser cético quanto à declaração do «Estado de emergência», penso que o presidente da República justificou bem a sua decisão.
Estamos em guerra contra um vírus e um dos motivos invocados pelo presidente da República - a antecipação - corresponde a um princípio de uma arte marcial que Marcelo Rebelo de Sousa praticou, o aikido. Em japonês o nome para antecipação é «irimi»: consiste no praticante antecipar o ataque do adversário, entrar no seu campo e controlá-lo. Não é fácil, mas é exatamente o que temos de fazer no combate ao
covid-19.
Outro dos princípios invocados - a democracia - é importantíssimo que tenha sido invocado pelo representante de todos os portugueses democraticamente eleito. Porque, a par das ameaças à nossa sociedade do covid-19, há uma pandemia de autoritarismo, ou, como agora se diz, de iliberalismo, que está a infetar as democracias representativas.