Quem sente é filho de boa gente
Perante o ataque racista, a pretexto da pandemia da covid-19, de André Ventura, Quaresma disse tudo o que havia a dizer. (ver as últimas declarações aqui).
Não houve troca de galhardetes – André Ventura atacou e sofreu uma derrota vergonhosa.
André Ventura é licenciado e doutorado em Direito, andou num seminário católico e fala na assembleia da república, de fato e gravata. Nada disto, mais a manipulação do medo e a demagogia, lhe permitiu ganhar o duelo verbal.
Quaresma é jogador de futebol, filho de pai cigano e mãe africana. Usa tatuagens e, quando vestiu a roupa da equipa de futebol da seleção nacional foi para a honrar. É católico mas não cita o nome de Deus em vão. Não tem títulos académicos, não diz que representa o povo. Disse, simplesmente: sou cem por cento português. Como podia ter dito: sou cem por cento humano. Mostrou ser tão brilhante no verbo como nos relvados, apesar de não perder tempo e treinar o verbo nem fazer do verbo a sua profissão.
Disse muito com pouco.
A verborreia e indignação moralista de André Ventura não disfarçam uma profunda miséria moral que alimenta manobras de intimidação e mentiras.
Em tempos de crise precisamos de exemplos como o de Quaresma.