Quando o justo paga pelo pecador
A pandemia mostra tanto a relevância da ética como a inconsequência do moralismo. Mais do que nunca é preciso termos cuidado connosco e com os outros. Mais do que nunca se percebe como quem tem todo o cuidado pode ter o azar de apanhar covid-19 e quem foi completamente irresponsável pode ter a sorte de ficar incólume.
Em tempos de pandemia, o justo paga pelo pecador, com juros altíssimos: paga com a quebra de rendimentos e até com o desemprego; paga com a falta de saúde e até com a morte.
A justiça deve atuar para sancionar e prevenir atos irresponsáveis. Os políticos são avaliados pelas suas ações nos atos eleitorais. Mas nem a justiça nem a política chegam para nos salvar.
Nesta situação, ou nos condenamos juntos ou nos salvamos juntos. Os médicos tratam todos os doentes, sejam irresponsáveis ou azarados; fazem o que está ao seu alcance para prevenir a morte de qualquer pessoa. É a ética médica que nos deve inspirar nas nossas ações quotidianas, por mais banais que sejam ou nos pareçam.
Mais do que encontrar bodes expiatórios, interessa-nos escapar ao coronavírus.